terça-feira, fevereiro 4, 2025
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    A Conference ganha alternatividade rumo aos mata-matas

    Dentre as três competições continentais da Uefa, talvez a Conference League experimente o maior impacto em relação à mudança de formato ocorrida nesta temporada. Nem tanto por causa da fase de liga, e sim pelo fim da repescagem dos times que vinham da Liga Europa para os mata-matas. A tendência é que a Conference ofereça ainda mais histórias alternativas – algo evidente nesta quinta-feira, com a definição dos 24 classificados.

    Ao todo, 19 países diferentes estarão representados nos mata-matas da Conference 2024/25. Tal variedade é ajudada pelo fato de que as principais ligas do continente só contam com um clube cada no torneio. Não à toa, os países que terão mais de um time na fase decisiva possuem ligas menos expressivas. O Chipre avançou com três equipes para os 16-avos de final. Bélgica, Eslovênia e Polônia emplacaram dois classificados cada.

    São muitas epopeias nesta Conference, desde as preliminares. Algumas delas perdurarão um pouco mais. Bósnia-Herzegovina, Irlanda e Islândia nunca tinham se classificado a mata-matas das competições europeias de clubes desde que as fases de grupos foram criadas. Borac Banja Luka, Shamrock Rovers e Víkingur são os pioneiros, respectivamente. A Eslovênia, que não avançava desde 2014, conseguiu agora com Olimpija e Celje.

    Mesmo em países mais fortes, há boas notícias. O Vitória de Guimarães avançou com a segunda melhor campanha da fase de liga e tem o seu melhor desempenho além das fronteiras desde os anos 1980. Lugano e Cercle Brugge conseguiram se colocar diretamente nas oitavas de final, já na melhor campanha da história de ambos em copas europeias. O Panathinaikos encerra um hiato de 15 anos fora de mata-matas continentais.

    É verdade também que, apesar da alternatividade, a Conference League tem favoritos claros. O Chelsea é o maior deles: sobrou na fase de liga mesmo usando um time cheio de garotos e conta com um elenco acima dos demais. A Fiorentina aparece logo atrás. Vem de dois vices e faz uma temporada boa o suficiente na Serie A para acreditar em novo sucesso. Só não dá para contar que as vitórias virão sem esforço. Betis e Heidenheim, por exemplo, ficaram devendo na fase de liga entres os representantes dos principais países.

    E o desfecho da fase de classificação nesta quinta rendeu boas doses de emoção. O fato de contar com seis rodadas, duas a menos que Champions e Liga Europa, permite uma dança das cadeiras mais intensa no fechamento da Conference. Molde e TSC Backa Topola se classificaram graças a emocionantes vitórias por 4 a 3, contra Mladá Boleslav e Noah. O Celje não ficou atrás, após os 3 a 2 diante do TNS. Enquanto isso, times de ligas de peso foram eliminados precocemente, a exemplo do Hearts e do Istambul Basaksehir – os escoceses, superados apenas no número de gols marcados como critério de desempate.

    Os mata-matas tendem a ter uma cara distinta em relação às três primeiras edições da Conference. Atual campeão, o Olympiacos tinha sido um dos repescados da Liga Europa, por exemplo. Agora, o fim de tal atalho reduz o número de camisas mais tradicionais vindas do torneio acima e privilegia a diversidade de países já presente na própria fase inicial da Conference. É a chance de ver mais histórias inéditas e fins de longos jejuns.

    O sorteio dos 16-avos de final garante uma bela previsão dos caminhos abertos ao título e dos contos de fadas que podem ser vividos. Se ainda há muito a se aprender e a se debater sobre as novidades da Uefa nesta temporada, um acerto já perceptível é essa abertura ainda maior na Conference. A capacidade de ampliar o sonho continental a mais clubes e ligas, visível nas primeiras edições da competição, cresce ainda mais neste novo modelo.

    Leandro Stein
    Leandro Stein
    É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Foi redator, editor e sócio da Trivela de 2010 a 2023.

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