Antes do início da temporada 2024/25, poucos ousariam incluir a Fiorentina entre os candidatos a uma vaga na Champions League. Em um cenário dominado por Inter, Juventus, Milan, Atalanta, Roma e Lazio, a Viola parecia destinada a mais um ciclo de reconstrução. No entanto, o time está reescrevendo seu destino com uma campanha eletrizante, combinando ambição, gestão astuta e uma dose de magia roxa.
A contratação de Moise Kean, por €13 milhões da Juventus, surgiu como uma aposta arriscada. O atacante, que já havia passado por altos e baixos na carreira (incluindo passagens discretas por Everton e PSG), encontrou na Fiorentina o ambiente ideal para renascer. Com 15 gols em 23 rodadas, Kean não só lidera o ataque do time como está no páreo pela artilharia da Serie A, desafiando nomes como Lautaro Martínez e Romelu Lukaku. Sua combinação de força física, explosão e finalização precisa o transformou no símbolo de uma equipe que vive de eficiência e garra.
Por trás do sucesso está Raffaele Palladino, o jovem técnico de 40 anos que chegou após brilhar no Monza. Com um estilo ousado, Palladino reformulou o elenco, priorizando velocidade no contra-ataque e posse de bola inteligente. Seu sistema 4-3-3 flexível permite que jogadores como Danilo Cataldi e Yacine Adli (recuperado após anos no banco do Milan) brilhem, enquanto a defesa, liderada pelo capitão Luca Ranieri, mantém solidez – a Fiorentina tem apenas 23 gols sofridos, quarto melhor desempenho defensivo do campeonato.
A diretoria acertou em cheio nas contratações. Além de Kean, destacam-se:
- David De Gea: O ex-goleiro do Manchester United, inicialmente visto como um risco, lidera a liga em defesas difíceis (87% de aproveitamento), resgatando a confiança da defesa.
- Robin Gosens: Rejeitado pela Inter, o lateral alemão já contribuiu com cinco assistências, sendo chave no setor esquerdo.
- Nicolò Zaniolo: A chegada do italiano por empréstimo em janeiro trouxe ainda mais profundidade ao ataque, com seu físico e versatilidade.
Com 42 pontos, a Fiorentina ocupa o 4º lugar, dividindo a zona de classificação com uma Lazio igualada em pontos. A luta promete ser acirrada, já que Atalanta (3ª) está a cinco pontos, e Napoli e Roma seguem no encalço. A possibilidade de uma 5ª vaga italiana na Champions, via coeficiente UEFA, adiciona um respiro: a Itália está em segundo lugar, atrás da Inglaterra e ligeiramente à frente da Espanha.
Além disso, os Viola carregam a ambição de conquistar a Conference League, competição na qual foram vice-campeões em 2022/23, após uma dramática derrota para o West Ham nos acréscimos. Agora, nas oitavas contra o Viktoria Plzen, o time busca transformar a decepção do passado em glória.
A última vez que a Fiorentina disputou a Champions League foi na temporada 2009/10. Desde então, o clube viveu anos de instabilidade, mas a atual gestão, comandada pelo presidente Rocco Commisso, investe em uma mistura de juventude e experiência, aliada a um scouting preciso. O estádio Artemio Franchi, com sua atmosfera fervorosa, tornou-se uma fortaleza – o time perdeu apenas uma vez em casa na liga.
A Fiorentina prova que, no futebol, o possível se constrói com planejamento, ousadia e resiliência. Enquanto Moise Kean encarna o espírito de superação, Palladino e sua equipe tecem uma narrativa que emociona a Toscana e desafia os gigantes da Itália. Seja na Serie A ou na Europa, os Viola não são mais surpresa: transformaram o roxo na cor da esperança de uma nova era.