quarta-feira, março 12, 2025

20 histórias para acompanhar na segunda metade das ligas europeias

Aproveitamos a virada do ano para apresentar um listão de 20 equipes (na verdade, 21) que merecem ser observadas com atenção nas ligas nacionais da Europa. Todos os mencionados fazem boas campanhas e lutam para romper uma grande marca – seja um feito inédito ou o fim de um jejum, entre título ou classificação às copas europeias. Confira:

Nottingham Forest: Um dos clubes favoritos dos saudosistas (eu me incluo nessa), o Forest consegue honrar sua bonita história nesta campanha pela Premier League. Depois de duas temporadas em que gastou muito em reforços e lutou pela permanência na elite, o time virou a chavinha com Nuno Espírito Santo. A defesa é forte, o ataque se impõe e a sequência de vitórias se sustenta mesmo contra adversários badalados. Chris Wood é o artilheiro, mas também se destacam outros bons talentos como Murillo, Elliot Anderson, Morgan Gibbs-White e Anthony Elanga. A terceira colocação atual renderia a melhor campanha desde 1994/95 e uma volta à Champions desde 1980/81, quando os alvirrubros eram bicampeões continentais. Mais abaixo, menção honrosa ao Bournemouth, que joga muito bem com Andoni Iraola e pode beliscar uma vaga inédita nas copas europeias.

Atalanta: Ver a Atalanta bem na Serie A virou costume nas últimas temporadas, graças ao trabalho espetacular de Gian Piero Gasperini, com classificações frequentes à Champions League. A Dea, contudo, lidera e flerta com um Scudetto que seria inédito. Nestes últimos anos, os Orobici bateram na trave na Copa da Itália, mas talvez a Liga Europa conquistada em 2023/24 marque um ponto de virada. O trio formado por Ademola Lookman, Charles De Ketelaere e Mateo Retegui tem entregado bastante. Éderson é outro que voa baixo no meio-campo. Mais abaixo na tabela, a Fiorentina se fortaleceu com a chegada de Raffaele Palladino e sonha ao menos com a volta à Champions após 15 anos. David de Gea vive uma redenção no gol.

Mainz 05: Acostumado à primeira divisão neste século, o Mainz 05 já revelou muita gente (em especial, técnicos) e pintou por três vezes na Liga Europa. A atual temporada, ainda assim, tem algo a mais. O time vem em crescente, com direito a vitórias sobre Dortmund, Bayern e Frankfurt. A ver o quanto pode sustentar, mas foram pontos valiosos à equipe de Bo Henriksen. Robin Zentner e Paul Nebel estão entre os melhores da temporada na Alemanha, enquanto Jonathan Burkardt e Lee Jae-sung brilham no ataque. É uma edição da Bundesliga com muita gente querendo um lugar ao sol. O Eintracht Frankfurt é outro que agrada, em busca da vaga na Champions que recentemente só conquistou via Liga Europa. Omar Marmoush vem fazendo miséria.

Athletic Bilbao: Os melhores resultados do Athletic Bilbao nas últimas temporadas foram na Copa do Rei. O time competitivo crescia nos confrontos de peso das fases decisivas e chegou ao título em 2023/24, mas as oscilações em La Liga vinham sendo custosas. Não mais: a equipe de Ernesto Valverde se mostra fatal até o momento, sem desperdiçar tantos pontos contra adversários mais frágeis. Se o ritmo imposto pelos líderes é muito forte, os Leones se veem confortáveis no G-4 e podem voltar à Champions após dez anos. Os irmãos Iñaki e Nico Williams são as estrelas, mas coadjuvantes como Álex Berenguer e Oihan Sancet rendem muito bem. Destaque ainda ao Celta, que vinha de temporadas duras e agora tem bola para beliscar uma vaga nas copas europeias após oito anos.

Santa Clara: Depois de descolar uma vaguinha na Conference 2021/22, o Santa Clara entrou em declínio e foi rebaixado no Campeonato Português. A volta à primeira divisão acontece nesta temporada, e agora com a Liga Europa no horizonte. Os açorianos ocupam uma honrosa quarta colocação, só abaixo do trio de ferro, e dois pontos acima do Braga, além de seis acima do Vitória de Guimarães. O técnico Vasco Matos dirige um elenco repleto de brasileiros, com destaque ao goleiro Gabriel Batista, ao ponta Gabriel Silva e ao centroavante Vinícius Lopes. Seria um feito e tanto para o futebol de Açores.

Ivan Rakitic, destaque do Hajduk Split (Reprodução)

Rijeka e Hajduk Split: Uma menção dupla no Campeonato Croata, porque o momento de quebrar a dinastia do Dinamo Zagreb é agora. O clube da capital conquistou 17 dos últimos 18 troféus, mas se vê por um fio. É o terceiro colocado, com 29 pontos, e até contratou Fabio Cannavaro para o comando. Rijeka e Hajduk dividem o topo com 36 pontos. Ainda invicto, o Rijeka foi o responsável por romper a sequência do Dinamo com o título em 2016/17. O jovem Toni Fruk é a referência até o momento. Já o Hajduk tenta encerrar a seca que perdura desde 2004/05, mas com duas copas recentes. Gennaro Gattuso dirige o grupo reforçado por Ivan Rakitic e que possui em Marko Livaja seu homem decisivo.

Universitatea Cluj: A tabela do Campeonato Romeno é uma das mais malucas desta metade de temporada. Os cinco primeiros colocados estão separados por apenas dois pontos. E a liderança é do Universitatea Cluj, clube tradicional na elite, mas que só possui um título da copa em 1964/65 e não joga as competições europeias desde 1972/73. A agremiação faliu recentemente e precisou se reconstruir a partir da quarta divisão desde 2016/17. Nesta temporada, a redenção é dirigida por Ioan Sabau, cria do U Cluj que foi importante na seleção romena dos anos 1990. Steaua Bucareste e CFR Cluj são outros campeões recentes na briga, mas também figuram o Dinamo Bucareste (em jejum desde 2007) e a Universitatea Craiova (sem a taça desde 1991).

Lugano: O Campeonato Suíço prima por temporadas recentes mais abertas, o que se nota bem em 2024/25. Lá também o torneio pega fogo, com dois pontos de diferença entre os cinco primeiros. O topo é do Lugano, atual vice-campeão e com aparições recentes até na Champions, mas sem o título desde 1948/49. Mattia Croci-Torti treina um time em que o rodado Renato Steffen garante os gols. Outros times sedentos estão no páreo: o Lausanne não ganha desde 1965; o Luzern, desde 1989; e o Servette, desde 1999. Ainda há o Basel, vice-líder, em jejum desde 2017 e que tem Xherdan Shaqiri de volta como craque. Figuras carimbadas do futebol de seleções, Ludovic Maignan e Mario Frick são os técnicos de Lausanne e Luzern, respectivamente.

Tetê é o camisa 10 do Panathinaikos (reprodução)

Panathinaikos: O Campeonato Grego se tornou um dos mais competitivos da Europa nos últimos anos. Depois de décadas hegemônicas do Olympiacos, a alternância aumentou, com títulos recentes de PAOK e AEK Atenas. Quem tenta encerrar o jejum é o Panathinaikos, segunda força do país, mas que não leva o troféu desde 2009/10. A esperança aumentou com o atual troféu da Copa da Grécia. O Trevo é o terceiro colocado, com 32 pontos, numa tabela embolada com Olympiacos (34), PAOK (33) e AEK (31). Rui Vitória dirige o grupo em que o brasileiro Tetê está entre os protagonistas, ao lado de Anastasios Bakasetas e Azzedine Ounahi.

Austria Viena: A dominância do Red Bull Salzburg no Campeonato Austríaco acabou na temporada passada, com o título do Sturm Graz. E não vai ser neste ano que os Touros Vermelhos devem se reerguer, num impensável quinto lugar. O Sturm ponteia de novo, mas o Austria Viena traz o peso de sua camisa na perseguição, vice-líder com três pontos a menos. Os violetas não são campeões desde 2012/13 e vinham de uma fraca campanha recente, na oitava posição, sem sequer disputar o hexagonal final. Stephan Helm dirige o time em que Maurice Malone e Dominik Fitz garantem os gols. O rival Rapid Viena, que não é campeão desde 2007/08, aparece em terceiro – mas já oito pontos abaixo da liderança.

Utrecht: A Eredivisie oferece três vagas para a Champions League e, por enquanto, o Utrecht pode ir para as preliminares. Os alvirrubros estão em terceiro, um ponto à frente do Feyenoord. Pode ser a melhor posição do clube desde 1980/81. O Utrecht possui 14 participações europeias, mas nunca jogou a Champions. Já o VV DOS, parte da fusão que originou o atual clube, disputou a antiga Copa dos Campeões em 1958/59. O veterano Ron Jans dirige uma mescla de jovens promissores e medalhões que dá liga. Jens Toornstra, Nick Viergever e Mike van der Hoorn estão entre os mais rodados.

Puskás Akadémia: Fundada na cidade natal do presidente autoritário Viktor Orbán e com muito apoio político por trás, a Puskás Akadémia tem três pódios no Campeonato Húngaro. Agora, lidera e pode ganhar um troféu inédito, marcando a ascensão do clube criado em 2005. O time lidera com 35 pontos, um a mais que o hexacampeão Ferencváros. Nome frequente da seleção, o lateral Zsolt Nagy é também a liderança técnica em campo. O técnico Zsolt Hornyák está desde 2019 à frente da equipe principal da Puskás.

Pafos: Os clubes do Chipre são a sensação da Conference League, com três classificados aos mata-matas. O Pafos cumpriu sua parte, enquanto almeja também a conquista do Campeonato Cipriota. A equipe ficou na quinta posição da última temporada, mas levou o troféu inédito na copa e agora também tenta faturar a liga pela primeira vez. O espanhol Juan Carlos Carcedo está à frente do elenco repleto de brasileiros, com os atacantes Jairo, Anderson Silva e Jajá entre os mais efetivos do campeonato. Aris Limassol e AEK Larnaca são os principais concorrentes, este em busca também de um título inédito.

Arda Turan, técnico do Eyüpspor (Reprodução)

Eyüpspor: O Galatasaray lidera com oito pontos de vantagem e deve levar mais um título do Campeonato Turco. A expectativa fica para os classificados às copas europeias, diante das campanhas ruins de Besiktas e Istambul Basaksehir. O cenário aparece aberto e um candidato é o Eyüpspor, atual quinto colocado. O clube estreia na elite e pode logo de cara expandir as fronteiras. O técnico é Arda Turan, com Caner Erkin de capitão. A terceira posição é do Samsunspor, outro potencial novato europeu, com o alemão Thomas Reis à frente da empreitada. Já o quarto, o Göztepe, não joga copas continentais desde 1970/71 – chegou a ser semifinalista da Taça das Cidades com Feiras (precursora da Liga Europa) em 1968/69. Uma série de brasileiros está por lá, incluindo o artilheiro Rômulo.

Dinamo Tirana: Segundo maior campeão albanês, o Dinamo Tirana passou por uma reformulação profunda em 2020. Chegaram novos donos, que rebatizaram a equipe como Dinamo City e até mudaram seu escudo, flertando com o City Football Club – embora não haja ligação direta. Nesta temporada, o Dinamo lidera a liga nacional com um ponto de vantagem e pode garantir seu 19° título nacional, o primeiro desde 2010. Também tem brasileiro por lá: o meio-campista Lohan, ex-Vasco.

Krasnodar: O Campeonato Russo segue fora dos holofotes na Europa, com a exclusão dos clubes do país nas competições continentais. Ainda assim, há boas histórias rolando, e o Krasnodar flerta com seu primeiro título nacional. Os Touros foram vice-campeões da última edição e desta vez lideram, à frente do Zenit no confronto direto. Jhon Córdoba e Eduard Spertsyan são centrais ao conjunto do técnico Murad Musaev, assim como os brasileiros Victor Sá, Diego Costa e Vítor Tormena. O Dynamo Moscou, que tenta encerrar o amargo jejum desde 1976, é o quarto e soma quatro pontos a menos. Bitello brilha nos moscovitas.

Randers: Superar Copenhague e Midtjylland não costuma ser missão simples no Campeonato Dinamarquês, mas o Randers está no páreo. Ocupa a terceira colocação, só três pontos atrás de ambos os ponteiros. É um clube de meio de tabela, com apenas aparições esporádicas nas competições europeias e que nunca passou da terceira colocação da liga, além de ter vencido duas copas nacionais em sua história. A confiança atual se deposita no técnico Rasmus Bertelsen e na grande temporada do atacante Simen Nordli, artilheiro do campeonato. Dois pontos atrás, o Aarhus dirigido por Uwe Rösler tenta encerrar o jejum que perdura desde 1986.

Noah: Mesmo sem avançar, o Noah fez um papel bem digno na atual Conference League, na qual brigou pela vaga nos mata-matas até os últimos instantes. O potencial é visível e se nota no Campeonato Armênio, com a chance de primeiro título ao clube fundado em 2017. A disputa apertada inclui a perseguição de Urartu, Pyunik e Ararat Armênia, mas o Noah lidera com dois pontos de vantagem. O clube conquistou a copa local em 2020 e, dirigido pelo português Rui Mota, possui uma grande colônia lusófona. O português Gonçalo Gregório e o brasileiro Matheus Aiás se destacam no ataque.

Sileks: A tabela do Campeonato Macedônio promete fortes emoções na metade final. Três times somam os mesmos 37 pontos no topo. E se os títulos de Shkëndija e Rabotnicki são mais costumeiros, o Sileks não é campeão desde um tricampeonato consecutivo que se concluiu em 1998. A equipe passou tempos mais atribulados, com dois títulos da segunda divisão desde 2014, mas sonha de novo, sob o técnico Aleksandar Vasoski. Ainda vale mencionar o Gostivar, recém-promovido da segundona e só dois pontos atrás. Nunca jogou nem copas europeias.

Zilina: O domínio do Slovan Bratislava no topo do Campeonato Eslovaco é consistente, com um hexacampeonato atual e clara superioridade desde a independência do país. O time da capital é líder em 2024/25, mas apenas três pontos atrás aparece o Zilina. Os auriverdes já incomodaram essa hegemonia, com sete títulos neste século, mas não são campeões desde 2017 e nem o vice conseguem desde 2020. É pouco para quem até fase de grupos da Champions League já disputou. O elenco atual conta com jogadores da seleção como Peter Pekarík e David Duris, além do experiente zagueiro Tomas Hubocan.

Leandro Stein
Leandro Stein
É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Foi redator, editor e sócio da Trivela de 2010 a 2023.

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