Quando começam os estaduais, há sempre uma discussão sobre o que fazer com eles. Há quem defenda, há quem critique, mas a gente sabe que no fundo é só uma discussão de bar porque nada irá mudar. Mas puxando uma cadeira e descendo uma cerveja aqui no nosso bar, e se a gente aumentasse os estaduais?
Sei que parece uma ideia contraintuitiva. Afinal, se fala sobre o excesso de jogos. É verdade. Só que há o outro lado da questão: e a falta de jogos? Clubes como a Portuguesa fizeram 29 jogos no total em 2024. E com grandes intervalos sem atuar.
Foram 13 pelo Paulista e 16 pela Copa Paulista. Há um detalhe cruel aqui: o último jogo pelo Paulista foi no dia 17 de março. Voltou a campo apenas no dia 15 de junho, três meses depois, pela Copa Paulista. Disputou esse torneio até o dia 28 de setembro. Mais de três meses sem atividade até voltar a campo no dia 15 de janeiro.
Não é um caso isolado. Clubes sem divisão nacional acabam por fazer poucos jogos na temporada, com grandes períodos de inatividade. Às vezes hiatos no meio do ano. É impossível manter um time profissional assim.
A história se repete até com clubes com divisão nacional. A Inter de Limeira, por exemplo, fez 33 jogos em 2024. Foram 13 pelo Campeonato Paulista e outros 20 pela Série D.
Ao menos nesse caso o intervalo entre o fim do Paulista e a Série D não foi tão grande. A Inter jogou pelo Paulista no dia 17 de março e voltou a campo pela Série D no dia 27 de abril, pouco mais de um mês depois. Mas seu último jogo foi no dia 1º de setembro. Mais de quatro meses de inatividade até que volte a campo pelo Paulista 2025.
Por isso, é preciso que os estaduais aumentem de tamanho e durem o ano inteiro. Sim, o ano inteiro. Ter 38 jogos deveria ser a meta. Até porque os clubes menores dependem mais da bilheteria do que os grandes, com intervalos de dois meses para férias e preparação para a nova temporada.
É preciso aumentar a Série C e D para que elas deem um calendário mais adequado aos clubes. Há anos os clubes querem que a Série C tenha o regulamento da Série A e B, mas a CBF resiste, porque ela não quer ter mais gastos. Veja só: gastos para que o futebol que ela tem que fomentar exista.
Com Série C e D com calendário anual, há outra medida necessária: a Série A tem que destinar parte dos recursos às divisões inferiores. E a CBF tem que destinar parte dos recursos aos estaduais.
Para terminar, times com divisões nacionais não disputam mais os estaduais, que passam a seguir o mesmo calendário anualizado, de março a dezembro, dando vaga na Série D.
Assim realmente os clubes pequenos seriam priorizados, e não marginalizados com um calendário bizarro todo ano.